Frases do tipo “as palavras voam” ou
“vale o que está escrito” nós já sabemos que são ditados corretos, entretanto,
incorremos em erros quando não registramos, não escrevemos e não armazenamos
informações que representam acordos entre partes para alcançar objetivos em
projetos.
São comuns os conflitos devido a
problemas de comunicação por um acordo que não foi devidamente detalhado. A
cultura da pressa, do não planejamento e do desperdício de recursos, não admite
o zelo no registro, armazenagem e recuperação das informações em projetos.
Falar de lições aprendidas em projetos está longe de ser um hábito entre nós.
Os que estudam a matéria compreendem a necessidade de possuir a historicidade
de projetos concluídos, de modo a auxiliar no planejamento dos novos, evitando que
os mesmos erros se repitam.
Vamos aos erros mais comuns devido à
falta de registro em projetos:
1 – “Não foi assim que combinamos”
afirma o ator em um projeto. Se não existe o detalhamento no projeto não existe
acordo no detalhe (trocadilho). Outro antigo professor afirmava que “o diabo
habita nos detalhes”. Detalhes mal acordados podem representar grandes
problemas de comunicação e para se ter uma idéia, na engenharia, “pequenos
detalhes” podem representar valores financeiros significativos a serem aditados
ao projeto;
2 - “Mas não foi assim que eu
entendi” é uma célebre frase que pode indicar que não houve a validação do
acordo por meio de um documento escrito ou, como em muitos casos, nem mesmo o
cliente sabe com detalhes o que deseja, sendo necessário o questionamento
acurado para entender com detalhes o que se pretende fazer. A palavra escrita
deve ser compreendida e validada pelas partes interessadas. Passado algum tempo
o acordo é esquecido e vale o que somente está escrito;
3 – “Mas não foi isso que eu pedi”
de novo representa uma expressão de algo que não foi devidamente especificado
em uma lista de aquisições ou foi o baixo detalhamento do escopo. Os mais experimentados
sabem que muitas vezes o cliente não sabe o que quer, contudo, sabe muito bem o
que não quer. É, portanto, dever do gerente do projeto perceber o que o cliente
realmente deseja;
4 – “Eu sei que não combinamos isso,
mas será que...” comumente podemos encontrar solicitações de mudanças no
escopo, que também devem ser registradas e avaliadas em termos de impacto no
cronograma e custo do projeto. Mudanças
sem o devido registro e suas respectivas aprovações também representarão
problemas de comunicação.
Alguns conselhos são importantes para
a mudança quanto à falta de registro das informações. Sugerimos a formação de
pequenos hábitos iniciais para que o registro das informações comece a
acontecer. Neste caso, não estamos nos referindo ao formalismo exigido no gerenciamento
de projeto, senão vejamos:
1. Crie o bom costume de
anotar tudo o que for possível em um projeto. Lembre-se que o membro do projeto
que registra anotações ainda que poucas sejam é o que preserva a memória do
projeto;
2. Tenha sempre um caderno
de anotações para o registro nas reuniões. Não vá para as reuniões sem ele e
anote tudo;
3. Faça sempre uma pequena
ata sobre as anotações, colocando a data, horário, local e participantes. Crie
o hábito de colocar pelo menos a data!
4. Não despreze os rastunhos
e folhas soltas. Podem conter informações importantes para lembrar algo que foi
esquecido;
5. Quando alguém pedir para
anotar o telefone, não deixe para depois e faça na hora – você vai sempre
esquecer e quando precisar não terá o telefone quando precisar;
6. Crie o hábito de fazer o
backup de sua máquina para não perder arquivos importantes. Para os que
registram, o histórico contido na máquina é sempre mais importante que a
própria máquina;
7. Defina um membro da
equipe responsável pelas anotações e registros técnicos. Nem sempre o próprio
gerente do projeto terá tempo de cuidar desses detalhes;
Portanto, o ato de Registrar,
armazenar e recuperar informações não é parte da nossa cultura e estamos muito
longe dessa mudança. Ainda haveremos de passar por muitos problemas de
comunicação e a mensagem não é pessimista e sim realista, uma vez que basta o
leitor assumir uma postura muito criteriosa e disciplinada no registro das
informações que imediatamente é percebido como alguém que atrapalha a
velocidade com que os projetos acontecem.
Fernando Moreira, Engenheiro Agrônomo,
MSC. Ciência de Alimentos, Esp. Engenharia de Produção, Inteligência
Competitiva e aluno MBA em Gestão de projetos.
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